Pesquisadores do Grupo de Óptica do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), receberam, em junho, o Prêmio Mercosul de Ciência e Tecnologia 2015. O projeto, que concorreu na categoria “Integração”, teve como base o desenvolvimento de um equipamento para o tratamento de lesões pré-malignas no colo do útero ou NICs (Neoplasias Intraepitelias Cervicais), causadas pelo vírus HPV.

O estudo foi iniciado, em 2011, pela pesquisadora Natalia Mayumi Inada, com coordenação do docente Vanderlei Salvador Bagnato. A terapia fotodinâmica, técnica já conhecida em tratamentos de condilomas e de câncer de pele, curou 100% das 70 pacientes, com faixa etária entre 14 e 58 anos, portadoras de  NIC de baixo grau (ou NIC 1), estágio inicial das lesões. As mulheres foram atendidas no ambulatório de saúde da mulher da Prefeitura Municipal de Araraquara (SP).

O tratamento consiste na aplicação de um creme, no colo do útero, que contém aminolevulinato de metila (MAL– PDTPharma), substância que, ao entrar em contato com células, é convertida em outra (protoporfirina IX). Com o auxílio da iluminação do equipamento denominado CerCa 150 System, uma reação com oxigênio acontece e as lesões são destruídas. Ambos produtos utilizados são produzidos integralmente no Brasil.

A pesquisa, financiada desde 2013 pelo Ministério de Ciência Tecnologia e Inovação, Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP-MS) e pelo departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde (Decit), gerou uma patente internacional, um produto nacional aprovado pela Anvisa (o equipamento CerCa 150 System), uma publicação internacional no formato de Proceedings e um artigo em fase de submissão. A importância da tecnologia também chegou à América Central e está em fase final de aprovação no México.

Em 2014, o Grupo de Óptica fez uma parceria com a doutora Renata Belotto, do Hospital “Pérola Byington” (São Paulo/SP), e com o doutor Welington Lombardi, para avançar os tratamentos das NICs de alto grau (2 e 3). A pós-doutoranda Fernanda Mansano Carbinatto, bolsista pelo projeto financiado pela Finep/MS, também auxiliou no tratamento de lesões que têm as maiores chances de evoluírem para o câncer de colo de útero.

Nesta segunda etapa do projeto, participam 60 voluntárias, metade delas foi tratada com a terapia fotodinâmica. Até o momento, 10 pacientes foram avaliadas e, em 80% dos casos, houve regressão das lesões.

Fonte: Portal Brasil, com informações do CNPq