A Reunião Especializada sobre Agricultura Familiar do MERCOSUL (REAF), com o apoio da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), organizou a “Oficina sobre Comercialização e Experiências de Organizações Produtivas de Mulheres Rurais e Mistas”, que acontece de 26 a 28 de outubro em Montevidéu, Uruguai.

Na oficina participarão representantes dos governos e da sociedade civil da Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai, Venezuela, Bolívia, Chile e Equador.

A atividade faz parte do II Programa Regional de Gênero, coordenado pela Secretaria Técnica da REAF em conjunto com o Grupo Temático (GT) de Gênero, que compreende a sociedade civil e os governos com o apoio da FAO.

Por que essa oficina?

Apesar do avanço das políticas públicas para a agricultura familiar nos últimos anos, a produção das mulheres nem sempre é reconhecida como resultado de seu trabalho; elas continuam ganhando rendas menores em comparação com os homens e o acesso a espaços de comercialização é muito limitado. Além de trabalhar no campo para gerar renda, as mulheres têm a responsabilidade exclusiva do trabalho doméstico e de cuidados, o que significa ter uma jornada dupla, muito maior do que a de seus pares.

Mesmo quando se dedicam à produção, as mulheres geralmente não participam na gestão económica e financeira, que é quase exclusivamente uma responsabilidade dos homens, tanto em unidades de produção familiar quanto em organizações coletivas (associações, cooperativas, etc.).  A falta de autonomia econômica das mulheres reforça a desigualdade, sua dependência dos homens e sua baixa participação nas decisões da unidade de produção familiar ou coletiva.

De acordo com a FAO, na América Latina e o Caribe, entre 8% e 30% das fazendas são administradas por uma mulher. Veja mais: www.fao.org/3/a-as107s.pdf 

Porém, na América Latina 40% das mulheres maiores de 15 anos não têm sua renda própria, apesar de trabalhar muito todos os dias. Veja mais em www.fao.org/3/a-as106s.pdf 

Partindo desses dados, na “Oficina sobre Comercialização e Experiências de Organizações Produtivas de Mulheres Rurais e Mistas” serão discutidas as diferentes experiências de políticas públicas e outras estratégias de apoio à produção e comercialização por parte das mulheres rurais e suas organizações econômicas. Também compartilharemos as experiências das organizações de mulheres rurais em matéria de produção e marketing.

Por que ter políticas específicas para as mulheres rurais e suas organizações? Qual é a relação com o desenvolvimento rural no MERCOSUL? Essas são algumas das questões que serão tratadas nessas jornadas de intercâmbio.

As experiências a compartilhar

Os países são diferentes e suas experiências de organização também. Em alguns, o nível de desenvolvimento das políticas públicas específicas para as mulheres e suas organizações é maior do que em outros. Há políticas mistas, isto é, são para as famílias de agricultores familiares, mas podem ter uma perspectiva de gênero.

Os temas mais destacados que serão trabalhados na oficina estão voltados para a importância da formação de mulheres rurais em questões relacionadas com a produção, transformação, gestão e comercialização, e para o apoio na comercialização dos produtos das mulheres e suas organizações (feiras, compras públicas). Espera-se que as propostas discutidas sirvam para serem exibidas no GT de gênero e a REAF, e poder avançar na institucionalização das políticas de promoção da igualdade de gênero.

Assim, o Programa de Fortalecimento de Políticas Públicas de Gênero para a Agricultura Familiar, Camponesa e Indígena da América Latina e o Caribe, patrocinado pela REAF MERCOSUL, propõe realizar a “Oficina sobre Comercialização e Experiências das Organizações Produtivas de Mulheres Rurais e Mistas”, com o objetivo de conhecer e promover a reflexão sobre as diversas iniciativas de apoio e fortalecimento das organizações produtivas de mulheres e sua participação em organizações mista.

Fonte: REAF