O Instituto de Políticas Públicas em Direitos Humanos (IPPDH) do MERCOSUL e o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) –conhecido com Agência da ONU para os Refugiados– realizaram, no passado 24 de junho, a conferência “A crise dos refugiados e a solidariedade latino-americana” e inauguraram a mostra de ilustrações #RefugiArte na sede do IPPDH, comemorando o Dia Mundial do Refugiado.

Para a mostra #RefugiArte, diferentes ilustradores da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Equador, Paraguai, Peru e Uruguai compartilharam suas obras para dar testemunho sobre a odisseia das pessoas que fogem da guerra, da violência ou da perseguição, em muitos casos arriscando sua própria vida para chegar a um local seguro. A exposição foi inaugurada em Buenos Aires, no mês de março, e está sendo exibida em Santiago, no Chile, e em Quito, no Equador. As obras exibidas no IPPDH são dos artistas Pablo Bernasconi (Argentina), Bonil (Equador), Michelle Dechelette (Bolívia), Fito Espinosa (Peru), Guido Ferro (Argentina), Roberto Goiriz (Paraguai), Florencia Lastreto (Uruguai), Adriana Leão (Brasil), Vicente Martí (Chile) e Cesar Paciornik (Brasil) e pode ser visitada entre os meses de junho a outubro.

Neste contexto, o IPPDH e o ACNUR tiveram como propósito visibilizar a situação da população refugiada a partir do olhar artístico de ilustradores da América do Sul. Paralelamente, no âmbito do Ciclo de Conferências da Escola Internacional do IPPDH, aconteceu a conferência “Crise de refugiados e solidariedade latino-americana”, um espaço que permitiu uma análise e debate sobre as tendências atuais de deslocamento no mundo, bem como refletir sobre a relevância da Declaração e do Plano de Ação do Brasil como mecanismo regional de cooperação regional e de solidariedade.

“Os países do MERCOSUL e a região têm demonstrado compromisso com as pessoas refugiadas mediante a aprovação da Declaração e do Plano de Ação do Brasil, Cartagena +30, que propõem novas estratégias para proteger os refugiados e deslocados internamente. Ainda, os programas de vistos humanitários da Argentina e Brasil, as bolsas de estudo de graduação para jovens palestinos na Venezuela, e o Projeto de Cooperação Humanitária –implementado pelo IPPDH com apoio do governo brasileiro– são iniciativas que evidenciam a solidariedade, já que os avanços neste âmbito se concretizam graças à participação ativa da sociedade toda, entendendo que nossas fronteiras não podem constituir um obstáculo para a proteção de homens e mulheres no continente”, manifestou Paulo Abrão, Secretário Executivo do IPPDH.

Na atualidade, o mundo vive uma crise de deslocamento sem precedentes. Segundo o Relatório Anual do ACNUR Tendências Globais lançado no passado 20 de junho, por causa das guerras, das violações massivas de direitos humanos e da perseguição foram forçadas a deixar suas casas 65,3 milhões de pessoas no ano de 2015. Comparadas com os 7,349 bilhões de habitantes do planeta, essas cifras revelam que uma em cada 113 pessoas no mundo é atualmente solicitante de asilo, deslocada interna ou refugiada, o qual atinge níveis sem precedentes para o ACNUR. No total, o número de deslocados forçados é hoje maior que a população de países tais como o Reino Unido, França ou Itália.

“Para o ACNUR, além de alcançar um compromisso global com os princípios fundamentais da proteção internacional de refugiados, esperamos ver na prática mecanismos efetivos de solidariedade internacional para garantir a proteção de pessoas refugiadas e contribuir na solução das atuais crises de deslocamento forçado”, salientou Jose Samaniego, representante regional do ACNUR para o sul da América Latina.

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